domingo, 1 de junho de 2014

Uma questão de braços


A desistência de Bukowski:

Eu era a soma de todos os erros: não tinha um deus, ideias, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não ser. E aceitava isso. Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante; dava muito trabalho. Eu queria mesmo era um espaço sossegado e obscuro para viver a minha solidão.

Ou a luz ainda acesa de Gabriel García Márquez:

Arrastada pela família para separá-la do homem que a tinha violado aos catorze anos e continuou a amá-la até os vinte e dois, mas que nunca se decidiu a tornar pública a situação porque era um homem comprometido com outra. Prometeu-lhe que a seguiria até o fim do mundo, só que apenas mais tarde, quando resolvesse a sua situação, e ela tinha-se cansado de esperar por ele, reconhecendo-o sempre nos homens altos e baixos, louros e morenos que as cartas do baralho lhe prometiam pelos caminhos de terra e os caminhos de mar, para dali a três dias, três meses ou três anos. Na espera havia perdido a força das coxas, a dureza dos seios, o hábito da ternura, mas conservava intacta a loucura do coração.

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