segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Sozinha, no amor.


  Verdes, cor-de-rosa, aneladas, desenhadas. De elas se diz que têm relações consigo mesmas e vêmo-las no espasmo.
  Ou rígidas como um dedo conseguem beber na fonte das rosas. São aparentadas com as rosas, o alecrim? e a pereira.
  Consideram-nas apenas sonhos, representação dos pecados dos homens.

  Mas eu, em miúda, à luz do sol e da lua, acredito nelas, sei que realmente existem.
  Vi-as abrir os lábios, negros como a noite, a dentadura de ouro, atrás de uma amêndoa, um pedacinho de abóbora;

          enfrentar a própria linha, brincando e brigando; e sozinha no amor, retorcer-se até morrer.


[marosa di giorgio]

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